24 novembro 2007

Dias de sol

de cera, de luz. Dias de nada, dias de tudo. Dias esgotados, desperdiçados, perdidos. Dias à toa, dias à deriva. Os dias todos da vida. Tão poucos.

Não peço nada

não há desejo nenhum, enganei-me apenas no título, e foi tudo. Mais logo, mais tarde, amanhã irei à procura do livro da Barbie
sabes que está no top de vendas da fnac?
escolho uma história ao acaso, sento-me à beira da cama e leio-a com a voz empastada, bocejo, fico cheia de sono, as miúdas acordam-me, puxam-me a manga da camisola,
então mãe não contas a história?
Tenho tanta pena de não ser loira, caraças!

23 novembro 2007

É assim que te encontro,

à minha espera no rectângulo que invento, dou-lhe ares de salinha, componho o sofá, adormecemos cansados da chuva. É demasiado estreito para os dois e não sobra amor para mais nada.

Infinitamente mais fácil

vir dar ao néon do que imprimir em papel palavras com nome.

Infinitamente mais simples, tudo muito mais curto e muito mais rápido, a ausência das coisas, a inexistência dos traços, as letras caindo de rosto para baixo, nem um só sinal de que aqui passou gente, nenhuma marca de passos na neve.

Infinitamente menos perigoso, riscos praticamente nenhuns de o néon me rasgar os olhos de máscara, os dedos de plasma, as mãos emprestadas, nenhuma necessidade maior, nenhuma proeza para tentar agradar ou surpreender, ninguém de passagem à face do vidro, consubstancio-me na transparência e é tudo, nem sequer faço de conta que não existo, vou inventando o que sou ou não sou à medida que escrevo, o que quero ser vem à tona, o que não quero afunda-se em mim.

Infinitamente mais leve o rectângulo da escrita boiando sem rumo do que o meu nome na capa de um livro, ao alcance de todos.