18 agosto 2005

A lápis,

retomei o fim da linha.
Não era mais do que um esboço a carvão traçado à pressa na estação do desembarque,
saio aqui
deserta ainda àquela hora da manhã e eu dando-me conta de que não tinha para onde ir
daí o lápis
daí o risco cor de cinza desenhado numa folha que pousei sobre os joelhos
saio?
não saio
um vago trilho de viagem que rumou directo ao céu antes mesmo de afinar-lhe a direcção e a folha azulando-se nas margens logo abaixo dos meus dedos, tão perto que julguei que o próprio Deus se colava à sua cor
à minha pele
o lápis transformado em aguarela e transportei o céu nas mãos.
afinal saio por aqui, quem sabe se não rumo aos pássaros?
o céu inteiro passado a tinta permanente ao meu alcance e uma linha de horizonte a entrar-me pelos olhos
pela alma
e a dizer-me para embarcar
não há fim
não há memória
agora vai

1 comentário:

Sofia Bragança Buchholz disse...

O fim da linha é sempre o inicio de outra qualquer…