30 março 2009

E eis que hoje

de repente
sem que nada o fizesse prever
o vidro chama por mim.
estilhaço-me, entrego-me à transparência das escarpas, já nada me fere, já não me dói nada, é primavera, lá fora os jardineiros aparam-me a relva, as rosas rebentam aos gritos na sebe e chamam por mim, tal como os pássaros que se apoderam da sombra.
sophia, não é?
a minha pele substituta, o meu plasma, a voz à qual não me atrevo a dar nome
porquê?
porque suponho que não seja preciso, que não me faz falta, que sophia seja afinal a pele que me serve, às mil maravilhas, de cada vez que me debruço à janela.

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