03 maio 2006

A voz dele

não devoluta, sem ser rouca e sem estar presa, nenhum arquétipo de som desabando atrás do vento, nenhum pranto de vertigem, nenhum grito de vazante, nenhum halo de precipício, nenhum trago de maré, nenhum espasmo de veneno. A voz dele no timbre manso e eterno das estações que o amor devolve em dobro aos heróis das grandes causas, a viola recuperada, o piano recomposto, os olhos verdes pela frincha entreaberta das palavras que ficaram por reter e as flores já recuperadas, afinal não tinham sede, não chegaram a murchar, eram brancas, eram doces e a voz dele
até que a morte nos separe
repetindo a promessa e o amor para além do tempo e da tragédia.

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