08 setembro 2007

E então dá-me para isto:

chego, espalhando-me com medo que me vejam - ou que me espiem - como se derramar palavras fosse quase um sortilégio, um gesto reprimido, uma vontade que contenho. dizem-me de fora que não há nada a perder. não há, seguramente, o que ganhar neste alinhamento recto de palavras ao acaso. o que tenho para dizer vou-o dizendo em lugares menos desertos, lugares onde o papel retém as letras e onde cada recta de palavras pode seguir um rumo certo até se fazer sentido. aqui, pelo contrário, não há nada que precise de provar. nada em que precise de insistir, nenhum ponto de referência, então porquê? porquê o medo
talvez não seja medo
é claro que não é medo. apenas a palavra:
medo
minúscula no início de uma recta que não é preciso completar, só se quiser.
e então dou por mim a pensar que me faz bem e me dá gozo: chegar, espalhar-me, e criar esta falsa ilusão de sortilégio. e sem ter nada a perder...

Sem comentários: