A criança que fui chora na estrada. Deixei-a ali quando vim ser quem sou; Mas hoje, vendo que o que sou é nada, Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Ah, como hei-de encontrá-lo? Quem errou A vinda tem a regressão errada. Já não sei de onde vim nem onde estou. De o não saber, minha alma está parada.
Se ao menos atingir neste lugar Um alto monte, de onde possa enfim O que esqueci, olhando-o, relembrar,
Na ausência, ao menos, saberei de mim, E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar Em mim um pouco de quando era assim.
(se olharmos sempre para trás, decerto não veremos o que temos na frente. Vais sempre a tempo :* O mesmo Pessoa escreveu Vale sempre a pena, se a alma não é pequena...)
2 comentários:
I
A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Ah, como hei-de encontrá-lo? Quem errou
A vinda tem a regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.
Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,
Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim.
(se olharmos sempre para trás, decerto não veremos o que temos na frente. Vais sempre a tempo :* O mesmo Pessoa escreveu Vale sempre a pena, se a alma não é pequena...)
é tudo a fingir, não fique preocupada
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