um dia ela volta, assim como as fadas voltaram depois de me terem deixado perdida na ilha, nesses anos não convidava o Vasquinho para nada, sonhava apenas com ele
era tudo.
Já muito magro, remoendo ele também a vidinha de merda que lhe coubera em sorte, agarrado à Vanessa, ao bolor de Colares e a toda uma série de insignificâncias, um escanzeladinho de nada a dar-se ares de alquimista e eu a cair na conversa, meu deus.
A minha alma gémea, como é que é possível?
- Não é.
Levei-o para a ilha comigo e todas as noites sonhava com ele. Sonhava com ele todas as noites mesmo antes da ilha, antes de tudo, antes de o mundo ser mundo, daí a sensação de podermos ser almas gémeas, talvez, por mais absurdo que isso agora me possa parecer...
- Absurdo?
Absurdo! Isso e o resto. O almoço com vista para o rio, a Vanessa, o bolor, a facilidade com que ele desfazia as constelações e me apontava os planetas, os dois deitados na margem do tejo, a serra de sintra, o brilho nos olhos quando não eram magros, ou terão sempre sido e nunca o quis ver?
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