à minha mãe,
que está no Brasil, imaginem!
à mãe que arrasto comigo esteja onde estiver para dentro da escrita e a quem faço maldades, porquê?
- Porquê, minha filha?
lá está ela,
afinal não sou eu.
onde quer que esteja está sempre comigo, dentro de mim, fora de mim, comigo nos braços, protege-me e ao mesmo tempo provoca-me, engorda, sei muito bem que passa a vida a comer às escondidas, abraça-me, beija-me
ainda lhe caibo nos braços
irrita-me,
velha, curvada, sempre com dores, com a caixinha dos comprimidos atrás
maravilhosa e atenta
seguramente o mais generoso dos seres
controladora
armada em vítima
que tal voltar lá?
à minha mãe sem dois lados, única, inteira, sem lhe infligir mais maldades, apenas beijos e mimo, que bom seria se conseguisse unir os dois lados das coisas
os bons e os maus
e perceber que não somos seres divididos
ou somos?
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