29 abril 2008

Faz-lhes bem

ficarem a arejar à tona do vidro enquanto ponho os dedos a jeito.
não é isso escrever?
pôr as palavras ao vento ao mesmo tempo que lhes invento uma rota de voo?
não sei...
nesta janela posso ser o que quero.
o que não quero que me vejam a ser.
o que sou.
escrever só por escrever.
- O teu romance vai ter de esperar.
posso abri-la, fechá-la, esconder-me atrás dos postigos, plantar flores nos beirais, inventar precipícios para a rua, debruçar-me, cair
se for caso disso e não houver tempo
talento
se for caso disso ou se sentir vontade posso atirar-me
morrer.
sempre morrer.
se fizesse uma pesquisa por verbos, seguramente
morrer
era o que apareceria mais vezes.
morrer só por morrer.
só porque sim.
pelo sabor, pelo medo
por ti.

Sem comentários: