29 julho 2005

Os pesadelos

ficam no andar de baixo. Lá em cima, levezinhos, estão os sonhos
estão intactos
espreito-os antes de ir dormir sem aquele medo inventado que concebo enquanto escrevo e é o espanto, é a supresa, é a pele orvalhada a descoberto entre os lençóis que me libertam da morte
esse fantasma
e que me dão a noção da felicidade. A vida espraia-se neles, sinto-a pulsar e não há noite em que não vá espiar-lhe a cor, a densidade, assegurar-me que mesmo no escuro cintila e que respiram. Reparo por vezes que cresceram, que os braços sobram na cama, que as pernas estão mais compridas, que os sonhos são lugares maiores, que já não cabem no meu colo como cabiam. Depois percorro-os um a um, peço um desejo
sempre o mesmo
e agradeço.

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