05 julho 2005

Resolvi levar à letra

a sugestão - há tanta gente a levar à letra tanta coisa! - e, depois de pedir ao Miguel para me ausentar do manicómio por três dias, lá fui ao real caralho. É claro que, primeiro, tive de escolher um rei e escolhi um alto, loiro e espadaúdo, já que, no meu imaginário, é esse o melhor porte para um real caralho. E, de facto, confirmou-se. Era um real caralho mesmo, alto, loiro e espadaúdo como o dono, enorme e grosso como a tromba de um elefante
eh lá
disse eu a medo
mas que grande caralho, majestade!
O rei, genuinamente admirado, perguntou-me
mas quem foi que a mandou cá?
foi um gajo!
disse-lhe eu
e mandou-a a si, concretamente, ou foi a outra pessoa?
e aí fiquei mesmo espantada
não me diga que lê blogues, majestade?
minha filha...
disse o rei
(além de alto, loiro e espadaúdo, pareceu-me condescendente)
eu leio tudo!
muito me espanta, majestade! achei que os reis não tinham tempo para esses passatempos de plebeus!
fez-me um aceno com a cabeça e a coroa descaiu e
é por isso que sei que não foi a si que mandaram...
e apontou as reais partes, com pudor, é preciso que se diga
...aqui para o coiso, ore confesse!
pois não, não foi a mim!...
confessei, envergonhada
foi a uma tal de nini!
então volte para casa, volte, minha querida! volte que, para confusões, por hoje, já basta!
com certeza, majestade, vou voltar!
E voltei mesmo (já cá estou!), impressionada com aquele real caralho do tamanho de uma tromba, mas sobretudo com aquele rei - alto, loiro e espadaúdo - que topou o logro à légua e sem eu lhe contar nada.

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