migué él... miguel! miguel, acorde!
minha querida! ainda a pé a estas horas?! mas que grande insanidade! não tinha tirado uns dias para ir não sei aonde?
demorei menos tempo que o previsto! já voltei...
que já voltou estou eu a ver. e o que é que quer?
aqueles fiozinhos...
sim?!
aqueles que dão uns choques e que fazem comichão e estremeções e não sei quê...
sim?!
aqueles que me perguntou se eu queria que ligasse à minha cabeça ou à cabeça dela, sabe?
perfeitamente, sim...
aqueles que acabou por ligar à cabeça dela...
sim, sim!
não resultaram!
não resultaram?!
não resultaram!
como é que sabe?
olhe para ali...
para ali para onde?
ali para baixo...
hãn?
ali, ali... não vê?
ai coitadinha! deus me valha! aquilo é ela?
aquilo é ela! aliás, aquilo são elas!
estou a ver perfeitamente! são mesmo uma data delas!
e agora?
agora o quê?
o que é que vamos fazer?!
ora, o que é que vamos fazer?! vamos esperar que ela nos diga quem são!
você está doido!
não, não! doida está ela!... deus me valha! é que não tenho fios que cheguem para aquela gente toda!
deus lhe valha, pode crer!
bom... durma bem!
obrigadinha, até amanhã!
apago a luz?
apague tudo, não lhe vá dar na cabeça trazer as outras para aqui a esta hora da noite...
tschhhhhh... nem tinha pensado nisso! deus me valha!
é isso mesmo! deus lhe valha...
então boa noite.
adeus, sophia, durma bem.
(Nem quero pensar o que seria se isto não fosse um manicómio! Era de dar maluco, era o que era...)
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1 comentário:
sem complacência nem piedade, a prosa merece duros reparos, porque podia voar e não voa, porque podia ser música mas não é:
lentos arrepios de ausência
tua voz profunda e doce
O vento (...)segreda-me o outono que há-de vir
tudo lugares comuns, a empobrecer um texto onde se esperava
que a demência semeasse imagens mais poderosas, mais perturbantes... De terror? Talvez...
'Chamo aos gritos por ti - não me respondes
Bejo-te as mãos e o rosto - sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste vazio...'
Bela imagem, não? 'Ou és outra, ou me enganas...' Palavras dementes
de tanto espanto, de tanta dor, dementes perante o que é impossível de aceitar! Mas já perdi tempo demais contigo, filha, não sei porquê, talvez mereças. Receito-te: duas páginas de Herberto Helder antes do deitar; meio canto da Odisseia ao acordar. Boas leituras.
Dr. Singelo
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